Regras da casa: não fazer discriminação entre robôs e humanos.
A Corrente de Reviews é um projeto do blog Anikenkai, liderado pelo Diogo Prado. Eu participei pela primeira vez em 2014, e adorei a experiência. A ideia da corrente é assistir um anime que nos tira da zona de conforto. Vários blogs se inscrevem, e se for escolhido, lhe sortearão um outro blog que também foi aprovado, para indicar um anime de no máximo 22 episódios. Assim sucessivamente. Em 2014, o anime recomendado foi o Tokyo Magnitude 8.0, pelo próprio Anikenkai. E eu tirei o Elfen Lied Brasil, um dos meus blogs favoritos. Recomendei então o anime Golden Boy, obra esta, que tenho boas lembranças. Se você não leu, você pode clicar aqui01, aqui02 e aqui03 e conferir a opinião de cada um dos redatores.
Nesse ano, a recomendação veio do blog Elfen Lied Brasil (que pôde me dar o troco dessa vez, cof cof ) e eles me recomendaram o anime Eve no Jikan. No final desse post eu digo quem eu tirei nessa brincadeira, e o que eu indiquei. Então, seja bem vindo, puxe uma cadeira, pegue um café, e vamos conversar um pouco sobre esse anime, que já conhecia de outros carnavais, mas nunca cheguei a terminar de ver porque havia dormido no primeiro episódio. Será que a experiência continuou a mesma? Bom, é isso que irá descobrir agora meu caro terráqueo.
Como fazer um bom anime de sci-fi envolvendo robôs e humanos? Oras, é só se basear nas três leis da robótica de Isaac Asimov. Tá pronto a receita do sucesso. Agora, é torcer pra que tenha um bom fogão, e a manha de juntar os ingredientes adequadamente. Felizmente, o diretor Yasuhiro Yoshiura (Aquatic Language e Pale Cocoon) juntamente com o Studio Rikka e o DIRECTIONS, Inc, souberam dar a cara que a série pedia, com o que era necessário. Com apenas 6 episódios de aproximadamente 15-27 minutos de duração cada, Eve no Jikan (ou Time of Eve como preferir) é um ONA e foi lançado em 2008 em formato digital, mas precisamente no Yahoo! Japan com transmissões simultâneas no Crunchyroll. Ele também ganhou um filme em 2010 com episódios enxutos + cenas extras.
À primeira vista, Eve no Jikan me deu sono. Eu assisti o primeiro episódio já faz um bom tempo, e não soube explicar o que me ocasionou esse desinteresse. Porém, hoje eu entendo. Simplesmente não tinha maturidade para assistir algo desse porte. Queria algo mais rápido, mais direto. E, por mais que o anime tenha apenas 06 episódios de pouca duração, de maneira nenhuma, é uma obra leve. O ritmo muitas vezes parado, ocasiona num anime desinteressante à primeira vista (ainda mais para uma quase leiga). Por isso, é importante estar no clima, ou ao menos, ter uma bagagem maior de animes assistidos, para captar a mensagem que é posta ao fundo, e apreciar o visual fabuloso de toda a animação.
A premissa básica de Eve no Jikan é bem simples. A história se passa em um futuro onde os robôs se aparecem muito com os humanos. Nesse sentido, até me lembra Blade Runner. A diferença é que sabemos quem são os robôs e quem não são. Somente quando eles começam a frequentar um estabelecimento é que as personalidades se confundem, e não se sabe ao certo quem é quem. Enquanto isso, as pessoas vivem menosprezando os robôs desde os minutos iniciais - vide a irmã do protagonista, que logo de cara já se refere a sua empregada robô como ''coisa''. É interessante notar que o próprio comitê de ética do Japão, encara quem trata os robôs com respeito, como pessoas maníacas, que possuem forte dependência pelos androides. Isso se torna então motivo de deboche naquela sociedade, porque o bacana mesmo é sentir nojo das máquinas. Tratar-los com enorme indiferença, como se eles fossem apenas uns meros clones solitários.
Rikuo é um jovem considerado pelos outros, como uma dessas pessoas que valorizam e confiam demais nos robôs, porém ele nega tal postura. Ainda mais quando descobre que sua robô (que alias se chama Sammy), anda indo para um lugar diferente do programado, como frequentar um café daquela cidade, Rikuo tem é motivos para desconfiar da veracidade das máquinas. Com isso, nasce uma dúvida. Estaria mesmo sua empregada-robô indo para um lugar por conta própria, quebrando assim as leis da robótica? Se sim, como isso seria possível? Ele vai com seu amigo até esse lugar para encontrar a verdade sobre esse mistério.
Rikuo é um jovem considerado pelos outros, como uma dessas pessoas que valorizam e confiam demais nos robôs, porém ele nega tal postura. Ainda mais quando descobre que sua robô (que alias se chama Sammy), anda indo para um lugar diferente do programado, como frequentar um café daquela cidade, Rikuo tem é motivos para desconfiar da veracidade das máquinas. Com isso, nasce uma dúvida. Estaria mesmo sua empregada-robô indo para um lugar por conta própria, quebrando assim as leis da robótica? Se sim, como isso seria possível? Ele vai com seu amigo até esse lugar para encontrar a verdade sobre esse mistério.
É válido dizer que Eve no Jikan não é um suspense. Por mais que exista a brecha inicial para duvidar tanto dos humanos como dos robôs, do café, e até mesmo daquele conselho de ética, o foco verdadeiro não é esse. No entanto, é através desses pontos que tudo se conecta, chegando num só destino. O que está em jogo aqui, são os relacionamentos. Não somente a convivência com as máquinas inteligentes, mas também de humano pra humano. Por exemplo, o protagonista Rikuo mal fala com sua mãe, porque ela está sempre ausente, mas é através da sua emprega-robô Sammy que ele fica sabendo aonde ela está. Masakasu, outro personagem importante na trama que acompanhará Rikuo nessa história, também apresentará posteriormente uma relação distante com o seu pai, por mais que morem na mesma casa. Perceba que a trama vai além do básico; ela envolve fatores externos e aumenta a razão do que está sendo dito, que no caso é o afeto e o desprezo entre robôs e humanos. Outra coisa que contribui com isso é a verossimilhança. Por mais que se trate de uma ficção científica, tudo é muito ''pé no chão''. Em outras palavras, se trata de um futuro distópico realista. O sentimento de verdade é passado com facilidade, não só por causa daquele futuro ser verossímil, mas também pelas expressões dos personagens que não deixam nada à desejar. É nessas horas que dá pra saber qual anime quer apenas contar sua história, e aqueles que realmente querem fazer a diferença com isso e usam o recurso visual ao seu favor. Felizmente, Eve no Jikan faz parte da segunda opção.
Olhem esse ângulo gente, PELA MOR DE DEUS |
Outra coisa que me chamou bastante atenção positivamente, é a direção de Yasuhiro Yoshiura, porque ele faz uma dinâmica bastante interessante, não só no roteiro, como na animação em si.. Ele dá voz para cada personagem, e não estou falando somente dos dois principais. Cada um ali tem o seu momento de ser explorado, isso inclui os robôs. A direção da obra não poderia estar mais acertada, quando isso é até passado através dos ângulos de câmera. Alternando várias vezes de 1° pessoa para à 3°, desde giros à movimentos enquadrados, o modo como cada perspectiva se intercala junto com o que está sendo contado, é maravilhoso. Poucas vezes vi uma imersão tão profunda num universo. Nesse sentido, a ficção científica aqui é muito bem representada. O 2D e o 3D são usados de maneira brilhante na série, e contribuem ainda mais com o clima futurístico. Todos os cenários, cores, sombreamentos, luzes, bem como as expressões faciais dos personagens, estão beirando perfeccionismo. Não é exagero nenhum dizer que esse anime poderia ter sido facilmente dirigido pelo Makoto Shinkai. Eve no Jikan merecia ser visto por todos, apenas por possuir tal mérito. Porém, ele vai além, e a história por sua vez, não fica pra trás.
Muito diferente de ''Ghost in the Shell'', Eve no Jikan possui um lado filosófico quase tímido. Digo isso, pois esse aspecto é bastante sutil. E isso tem o seu lado bom, porque os tempos mudam. Se na década de noventa os animes com forte apelo para a filosofia eram mais escancarados (sim, há exceções), hoje em dia eles ficam mais escondidos nas entrelinhas. É como se eles jogassem o verde para colher o maduro, isto é; apenas enxerga um significado maior, quem pára pra juntar às peças. Portanto, Eve no Jikan diverte e faz o seu papel como qualquer outro anime, mas se quiser enxergar uma razão maior por trás dos fatos, você encontrará material de sobra.
Dito isto, esse anime é bastante atual, inovador, e irreverente. Ele consegue falar com a geração atual, de um jeito até então novo. De uma perspectiva diferente, com uma roupagem moderna. Sinceramente, pouquíssimas vezes vi um anime como esse: que soubesse tratar um elemento clássico da ficção científica com total respeito e dignidade. Fiquei bastante feliz com o resultado final, e acho que foi uma obra surpreendente.
É novo aqui no blog? Curta a Nave Bebop no Facebook e nos siga no Twitter, pra estar por dentro das próximas postagens. Muito obrigada pela visita, espero encontrar-lhe outras vezes aqui. Se sinta livre para comentar ou compartilhar o post. Belê?
Antes de terminar, gostaria de agradecer ao Anikenkai por ter nos aceitado, foi muito legal ter participado da Corrente de Reviews novamente, então, fica aqui o meu muito obrigado! Bom, chega de suspense. Chegou a hora de revelar o próximo blog da brincadeira. *Rufem os tambores*
Pois bem, o blog sorteado foi o Anime Nichijou. E o anime que recomendei foi o Paranoia Agent, a única série animada do mestre Satoshi Kon. Escolhi ele porque, pelo o que vi das postagens do blog sorteado, parece ser uma obra que não faz o estilo do redator. Resolvi abraçar a ideia da corrente com todas as forças, e recomendar essa obra que gosto muito, mas que, pode causar certo espanto em alguns por ser bastante complexo.
Pois bem, o blog sorteado foi o Anime Nichijou. E o anime que recomendei foi o Paranoia Agent, a única série animada do mestre Satoshi Kon. Escolhi ele porque, pelo o que vi das postagens do blog sorteado, parece ser uma obra que não faz o estilo do redator. Resolvi abraçar a ideia da corrente com todas as forças, e recomendar essa obra que gosto muito, mas que, pode causar certo espanto em alguns por ser bastante complexo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário