Reúno aqui alguns filmes orientais que retratam a rotina de forma sublime.
Quem disse que a rotina não tem seu encanto, certamente, não conhece o cinema oriental. Esqueçamos por um momento os doramas japoneses, e todos aqueles filmes melodramáticos feitos exclusivamente para os sentimentais de plantão. Reúno aqui alguns filmes que não tem intenção nenhuma de comover o telespectador, na verdade, grande parte dos que vou citar aqui, não faz questão se o silêncio fala mais alto que seus personagens. O silêncio, muitas vezes, chega a ser tão poético, que basta apenas um olhar de alguém, pra despertar em você um sentimento recíproco. Um sentimento de igualdade. E essa proeza, Yasujiro Ozu e Akira Kurosawa conduzem muito bem em seus filmes. Muitas pessoas acham que as obras desses dois grandes diretores são a mesma coisa. Ou então, acham que suas filosofias de vida são ''muito japonesas''. Vamos pegar Yosujiro Ozu como exemplo. Ozu fez filmes sobre famílias, sobre todos os diferentes estágios da vida, sobre solidão, sobre passagem do tempo, e mesmo que muitos dos seus filmes pareçam semelhantes, cada um possui uma singularidade própria. Temos situações diferentes, mas com um aspecto em comum: a rotina. E todas elas tem seu potencial de fazer qualquer pessoa com uma cultura totalmente diferente, se identificar, e se colocar no lugar de seus personagens. Essa maestria é realmente encantadora.
Mas nessa lista, eu não falo só de obras de Ozu e Kurosawa, e nem só sobre filmes antigos. Minha intenção não é ressaltar filmes de diretores já consagrados e ficar puxando saco. E nenhum deles está por ordem de favoritismo. Trago aqui 10 filmes aleatórios que mostram a rotina numa linguagem universal. Espero que gostem. E SE NÃO GOSTAREM VÃO TER QUE ME ENGOLIR, PORQUE PRETENDO FAZER PARTE 02, MORÔ? AEHAUHEAUHE
Okay, agora sim, podemos começar ^~^
Mas nessa lista, eu não falo só de obras de Ozu e Kurosawa, e nem só sobre filmes antigos. Minha intenção não é ressaltar filmes de diretores já consagrados e ficar puxando saco. E nenhum deles está por ordem de favoritismo. Trago aqui 10 filmes aleatórios que mostram a rotina numa linguagem universal. Espero que gostem. E SE NÃO GOSTAREM VÃO TER QUE ME ENGOLIR, PORQUE PRETENDO FAZER PARTE 02, MORÔ? AEHAUHEAUHE
Okay, agora sim, podemos começar ^~^
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A Rotina Tem Seu Encanto (1962)
Eu não poderia começar minhas recomendações falando de nenhuma outra coisa a não ser desse filme, que leva como título essa postagem. Pra alguns, 112 minutos podem ser de puro tédio, para outros podem ser minutos de puro ensinamento. A Rotina Tem Seu Encanto, ou Senma no Aji como é chamado no Japão, é um filme de Yosujiro Ozu, sim, aquele cara que fez o clássico Era uma Vez em Tóquio que já já vou comentar separadamente com vocês.
A história básica gira em torno do viúvo Shuhei Hirayama, um militar que lutou durante a segunda guerra mundial como fuzileiro naval, certo dia, encontra com seu velho professor, e fica então sabendo que sua filha não se casou porque teve que ficar cuidando dele. Hirayama passa então a refletir sobre isso, e teme que sua filha de 24 anos, a Michiko, acabe com o mesmo destino, a partir daí ele começa a buscar um bom homem para se casar com ela. Também preocupada com a possibilidade da moça manter-se solteira para não abandonar o pai, uma das irmãs do viúvo sugere que ele se case novamente, de modo a permitir que a filha pense sobre seu próprio casamento.
Por mais que o foco esteja na vida de Shuhei Hirayama (Crishu Ryu), o filme sabe usar bem os personagens secundários ao seu favor. Transformando assim, cada cena numa verdadeira rotina. É um encontro de gerações, colocadas sobre um espelho, que os fazem refletir sobre suas vidas. Do que são, e do que querem. Tenho certeza que ao assistir esse filme você automaticamente ficará bêbado de tanto que eles bebem saquê, maravilhado com o humor de alguns personagens, encantado pelo Calabaza que é uma figura e tanto, e ficará apaixonado pela sutileza em que o rotina dessas pessoas são retratadas. Não existem grandes acontecimentos, os pequenos por si só são capazes de fazer estragos na mente do personagem. Você começa a refletir junto com ele. É triste, porém a narrativa mostra de maneira leve e suave. E isso é o mais legal. Esse choque de cultura, traz um encanto que é próprio do mestre Yosujiro Ozu. Esse é um filme que constrói uma atmosfera de solidão e velhice até parecida com o Era uma vez em Tóquio, no entanto, são exploradas de formas diferentes. A velhice é um medo, mas o pior receio de todos é ver quem amamos sofrer por uma atitude egoísta nossa. E é disso que o filme fala.'' Rotina Tem Seu Encanto''é pura poesia entrelinha, afinal, no fim das contas, o homem é um ser solitário, não é mesmo?
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Era uma vez em Tóquio (1953)
E pra não deixar a peteca cair, nada melhor do que comentar o clássico dos clássicos. Esse é um filme tão simples, mas ao mesmo tempo tão complexo, que é impossível você não se comover. É carregado de sentimentos do começo ao fim. Nunca vi antes uma maestria tão grande pela qual Yosujiro Ozu teve ao dirigir cenas tão universais. Não condiz necessariamente com uma família japonesa, mas sim com todas as pessoas que tem pai e mãe, ou então, que vão se tornar algum dia pai e mãe. A não ser que você seja um alienígena que não é feito de carne e osso, aí até entendo se você não se comover. Do contrário, não existem desculpas pra não amar essa história.
É bem simples. Um Casal de idosos viaja a Tóquio, onde pretende visitar os filhos que há anos não vêem. Porém, todos são muito atarefados e não têm tempo para dar-lhes atenção. Quando sua mãe fica doente, os filhos vão visitá-la junto com a nora de seu falecido filho mais novo, e complexos sentimentos são revelados entre eles.
Ta aí duas coisas pelas quais não podemos fugir: velhice e morte. Tem gente que acha que ter filho estará se livrando da solidão, mas é um engano seu. Esse filme tem uma verdade que ninguém gosta de ver, ou que simplesmente finge esquecer. No fim, só restará ingratidão. As pessoas mudam, o tempo passa, o amor fica ignorado. Tantas coisas pra se ocupar o tempo, mas nenhuma delas é gasta para se lembrar de que pais não são eternos. A realidade é crua e sórdida. Yosujiro Ozu consegue nesse filme captar as emoções e sentimentos dos personagens de maneira magistral e universal. Ozu economiza palavras nos diálogos de seus atores, mas abusa de olhares e expressões que dizem muito mais do que qualquer dialeto. Os momentos de silêncio, sorrisos, olhares, revelam toda a força da natureza do ser humano, através de situações simples, de pessoas comuns. Como eu e você. E por mais que o tempo passe, ''Era Uma Vez em Tóquio'' continuará atual, pois seus valores não são datados para uma época longínqua do passado. Faz parte do presente, do dia a dia, da rotina da raça humana.
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Mulher de Tóquio (1933)
Ainda falando de mais um filme de Yosujiro Ozu, esse filme mostra como os japoneses reagem a assuntos controversos se embasando apenas em boatos. O foco está nas consequências, e nas reações dos personagens.
A história também é muito simplista. Para conseguir manter seu irmão Ryoichi na faculdade, Chikako trabalha durante o dia como datilógrafa e leva uma vida secreta durante a noite. Mas sua honra é colocada em questão quando surgem suspeitas de que ela trabalha como anfitriã em um cabaré. Quando a namorada de Ryoichi descobre a verdade e lhe conta, o casal de irmãos entra em conflito.
Esse filme ao contrário do que alguns podem pensar, está mais acessível do que você pensa. Tanto em termos de achá-lo pra assistir nas internet como também em entender o plot básico. Yasujito Ozu explora rapidamente os dois lados do conservadorismo da sociedade japonesa, através dos dois irmãos. A revelação do trabalho de Chikako. expõe a tradição moderna, que lida tudo ao mesmo tempo, com a crise econômica. Ozu sempre soube que as relações familiares não são fáceis de serem aptadas ao cinema, ainda mais se tratando de um filme mudo. Por isso, não tem como medir o temperamento dos seus personagens pelo tom de voz. O que seria algo completamente dificultoso, ''Mulher de Tóquio'' dá um banho de expressões faciais. Não necessariamente abusando de reações exageradas, mas sim de olhares que revelam o estado de espírito dos seus personagens. É fantástico também como Yasujiro Ozu em um curto espaço de tempo, realiza com proeza aquilo que quer passar com sua história, nos presenteando com uma dupla (Ureo Egawa e Yoshiko Okada) que transmite com maestria os sentimentos da alma duvidosa.
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Dersu Uzala (1975)
E falando de simplicidade, seria muito injusto da minha parte deixar de lado Dersu Uzala, de autoria do Akira Kurosawa. O filme conta a história de um explorador (líder de uma expedição de levantamento topográfico na Sibéria) do exército russo, que é resgatado na Sibéria por um caçador nanai (Dersu Uzala) que passa a servir-lhe de guia, dando início a uma forte amizade. Quando o explorador decide levar o caçador para a cidade, seus costumes se confrontam de forma esmagadora com o modo de vida burocrático na cidade, fazendo-o questionar diversos padrões da sociedade.
Não é atoa que esse filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Dersu é um dos personagens mais humildes e cheios de sabedoria de toda a história do cinema. Tudo no filme é delicado, sensível e humano. As paisagens naturais da Sibéria contribuíram ainda mais para que o filme fosse revestido de poesia pura. As diferenças culturais entre o Dersu e o pesquisador russo foram a chave para cenas inesquecíveis.
É um verdadeiro embate entre a natureza e a sobrevivência humana. Akira Kurosawa está mais impecável do que nunca, fazendo o que sabe fazer de melhor: dirigir com estilo um roteiro simples mas que não deixa de ser profundo. Esse filme é uma lição de interação entre pessoas completamente distintas mas que se entendem em mútuo respeito. Os acontecimentos não se passam no Japão, mas sim em florestas russas, na neve, e em um lago congelado. O ambiente é de impressionar, se você pausar cada cena e imprimir, pode colocar na parede de sua casa como um quadro, de tanto que a fotografia é absurda. Não existe pretensões épicas, e nem acontecimentos extraordinários. No entanto, a interação seja entre personagens, bem como entre a natureza, é de uma beleza contemplativa gigantesca.
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O Barba Ruiva (1965)
Já aviso de antemão que esse filme é o meu favorito do Kurosawa, até o momento.
A história se passa em um hospital de caridade, na cidade de Edo (atualmente Tóquio), no Japão do século XIX.
Um médico jovem e arrogante e um piedoso professor têm um tumultuado relacionamento na clínica em que trabalham. O professor, que é diretor da clínica, tenta ensinar a seu amargurado médico residente a respeitar e apreciar as vidas de seus pacientes desamparados.
Mesmo contendo uma abordagem diferente, Kurosawa soube se reinventar dos filmes que vinha fazendo desde então em 20 anos de carreira. O Barba Ruiva é de uma reflexão infinita sobre humildade. Eu cheguei a chorar em muitos momentos. As atuações estão mais verdadeiras do que nunca, me passaram uma sensação de sinceridade em cada olhar. Essa última parceria do Toshirô Mifune com o Kurosawa rendeu o prêmio de melhor ator em Veneza com sua atuação aqui em Barba Ruiva, reconhecimento que já havia ganhado com o filme Yojimbo. Muito diferente de lá, aqui ele está completamente mais sereno e tranquilo, bem ao contrário do seu outro personagem impulsivo e explosivo. Atuação magnifica.
Como se já não bastasse por si só as boas atuações, O Barba Ruiva toca na ferida literalmente. Para alguns três horas de filme pode se tornar maçante se forem vistas com um olhar de quem quer ver grandes acontecimentos. De certa forma até entendo, porém, quando chega da metade para o final, o filme toma um fôlego imenso que consegue sensibilizar até os mais rústicos. E não estou falando de grandes acontecimentos, mas sim de grandes interações. Eu poderia citar aquele momento em que o jovem doutor ganhou como paciente aquela menina de 12 anos que sofreu abusos sexuais. Enfim, o que difere os personagens desse filme para os demais do Kurosawa é que aqui, eles estão mais maduros, e a compreensão sobre a vida é de sensibilizar qualquer um. Kurosawa sempre foi conhecido por dirigir bem histórias de samurais, mas em Barba Ruiva ele prova que vai além de um gênero, e se solidifica como um dos mestres na arte de filmar.
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Amores Expressos (1994)
Fugindo um pouco dos cineastas japoneses já consagrados, é hora de apresentar o filme ''Amores Expressos'' diretor tailandês Wong Kar-Kai, o cara mais raro e singular do cinema chinês. Juntamente com os diretores Eddie Fong, Stanley Kwan e Clara Law, Wong Kar-Kai pertence ao movimento chamado de "Segunda Nova Onda" do cinema de Hong Kong. Foi o primeiro chinês a ganhar o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes de 1997.
Esse filme da década de noventa conta a história de dois policiais e duas mulheres solitárias. Duas estórias sobre amor nas suas mais estranhas e variadas manifestações e as influências do tempo e do espaço causando encontros e desencontros amorosos.
É muito interessante a relação que o diretor Wong Kar-Kai estabelece com esse filme, mesmo se tratando de um superstição meramente banal ou de difícil explicação. Amores Expressos (Chungking Express, 1994), terceira obra da rica filmografia do diretor tailandês, divide-se em duas histórias que de tão similares servem para reiterar propostas de substituição e continuidade apresentadas durante o longa.
Nada é sem propósitos no que Kai-Wai conta nesse filme. Na primeira sequência percebe-se um traço muito marcante da sua cinematografia, e por conseguinte cria-se uma atmosfera de realidade que pode sim, ser traduzida como uma relação de intensa intimidade. Wong Kai-Wai mostra vidas simples e acontecimentos triviais que cedo ou tarde, ainda que de forma diferente, passam a qualquer um de nós. Essa imersão é construída primeiramente pelo tema completamente acessível, e depois pelas referências ocidentais - no caso pode ser percebido pela canção ''California Dreamin'', e pela lanchonete fast-food.
Sem dúvidas, uma frase que marca o filme é aquela: ''Quando estamos mais íntimos de alguém, estamos a 0,01cm de proximidade''. Eu não poderia também descrever melhor a essência fílmica do diretor, a não ser por essa frase. Kar-Wai não joga no time das afirmações ou das certezas, ele prefere muito mais a duvida à convicção, e extrai do inseguro a beleza.
Sem dúvidas, uma frase que marca o filme é aquela: ''Quando estamos mais íntimos de alguém, estamos a 0,01cm de proximidade''. Eu não poderia também descrever melhor a essência fílmica do diretor, a não ser por essa frase. Kar-Wai não joga no time das afirmações ou das certezas, ele prefere muito mais a duvida à convicção, e extrai do inseguro a beleza.
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O Grande Mestre (2008)
''O Grande Mestre'' é a obra máxima do diretor Wilson Yip, bom, pelo menos em números de público.
A história é assim. Ip Man (Donnie Yen) cresceu em uma China dividida pelo ódio racial, pelo radicalismo nacionalista e pela guerra. Gênio do wushu, a escola de artes marciais chinesas, ele ganha destaque após participar de diversas lutas contra mestres do wushu e lutadores de kung fu. Já estabelecido como ícone na área, ele passa a treinar jovens aprendizes, entre eles Bruce Lee.
A história é assim. Ip Man (Donnie Yen) cresceu em uma China dividida pelo ódio racial, pelo radicalismo nacionalista e pela guerra. Gênio do wushu, a escola de artes marciais chinesas, ele ganha destaque após participar de diversas lutas contra mestres do wushu e lutadores de kung fu. Já estabelecido como ícone na área, ele passa a treinar jovens aprendizes, entre eles Bruce Lee.
Pra quem for assistir ''O Grande Mestre'' esperando grandes lutas, se surpreenderá com uma boa trama. E mesmo que você não seja grande fã de lutas marciais, cuidado ser convertido. Temos como plano de fundo a segunda guerra mundial mostrada de forma bem encaixada, demonstrando assim, que as pequenas conquistas podem sim definir uma guerra. Simplicidade e serenidade são as palavras certas para definir ''O Grande Mestre''. Aqui vemos uma China desolada pela guerra e um povo extremamente oprimido, através das cenas de ação, podemos perceber uma pontinha de esperança e liberdade à vista.
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Solanin (2010)
Há muito tempo eu queria comentar sobre esse filme live action do mangá Solanin, e não vi oportunidade melhor do que essa. Vocês devem saber mais do que ninguém, o quanto o nosso coração bate mais forte quando vão adaptar um mangá que a gente gosta muito. E não é tanto pela empolgação, mas sim pelo medo dos diretores estragarem tudo.
Pois bem. Pra nossa sorte, esse live-action é bem fiel, e conduzido corretamente. O diretor Miki Takahiro até então só tinha experiência em dirigir clipes musicais de artistas como Yui, Orange Range e Kaela Kimura e etc, porém, logo estreou sua trajetória adaptando o mangá de Inio Asano. Recentemente adaptou outro mangá: Ao Haru Ride.
Pois bem. Pra nossa sorte, esse live-action é bem fiel, e conduzido corretamente. O diretor Miki Takahiro até então só tinha experiência em dirigir clipes musicais de artistas como Yui, Orange Range e Kaela Kimura e etc, porém, logo estreou sua trajetória adaptando o mangá de Inio Asano. Recentemente adaptou outro mangá: Ao Haru Ride.
Mas falemos da história. Meiko Inoue, reside com seu namorado, Naruo Taneda, em um pequeno apartamento nos subúrbios de Tóquio. Ambos graduaram-se recentemente e, sem um objetivo concreto, Meiko, trabalha como secretária e Taneda, é ilustrador, ganhando somente o suficiente para o aluguel. Meiko, começa a indagar se liberdade sem propósito não é a mesma coisa que tédio e pede demissão. Ao mesmo tempo, Taneda, decide reunir, novamente, sua banda da faculdade e seguir carreira musical. Aos poucos, ambos abraçam seu futuro juntos, quando um incidente muda suas vidas e a de seus amigos para sempre.
Não, não estamos se tratando de uma história bobinha. Afinal, estamos falando de uma obra que tem o selo Inio Asano de qualidade. De que a história é boa, disso todos que leram o mangá hão de concordar comigo. Agora, de que o filme representou bem a obra original, isso pode ser bem relativo. E isso tudo fica por conta das atuações japonesas. Tem gente que simplesmente não consegue engolir, mas isso não é propriamente um defeito. É só questão de ponto de vista.
E o que a rotina tem a ver com Solanin? Bem ... tudo. Afinal, liberdade sem propósito não é o mesma coisa que tédio? Então. Pra quem não leu o mangá, prepare os lencinhos porque lágrimas vão rolar. Clima existencialista é o que não vai faltar. E pra quem leu, espere por uma boa adaptação, a não ser que você tenha problemas com japoneses atuando ... aí só posso lamentar por você.
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O Império dos Sentidos (1976)
Pra quem fica constrangido toda vez que vê uma cenazinha de sexo entre um filme e outro, desconsidere essa recomendação, definitivamente não é pra você.
Agora se você gosta quando tem essas sacanagenszinhas somente com o intuito de bater punheta, ou tocar siririca, fique longe desse filme também, porque a intenção não é essa, mesmo se tratando de um porn.
A história é de uma ex-prostituta que envolve-se em um caso de amor obsessivo com o senhorio de uma propriedade onde ela trabalha como criada. O que começa como uma diversão inconsequente transforma-se em uma paixão que ultrapassa quaisquer limites.
O diretor Nagisa Oshima debate a sexualidade de forma suprema e confrontadora. Em ''O Império dos Sentidos'' tem muito o que se debater sobre o sexo explícito. Não há motivos para se sentir desconfortável com as cenas eróticas, mas sim com o excessivo uso dela, que inclusive, é intencional. E isso não significa que seja uma coisa ruim. Esse filme busca mostrar em seu máximo o desejo sexual que atravessa qualquer limite de civilidade ou o melhor dizendo; de normalidade. Regras de boa conduta transpassa do limite até em lugares públicos. Essa ''agressividade'' sexual se dá por conta da nossa herança, da nossa sina, do nosso DNA. E disso, sabemos muito bem que não há como fugir. Nesse filme, podemos perceber muitas questões filosóficas, e ainda enxergar um debate político sobre a relação entre homem e mulher, trabalhada na narrativa de forma sutil.
Como o próprio nome diz, todos os sentidos no filme é mostrado com intensidade. A necessidade, a obsessão, o desespero está retratado em seu máximo. Sentir, sentir, sentir ... ta ai mais um aspecto da nossa existência.
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Pai e Filha (1949)
Pra encerrar essa pequena lista, não posso deixar de fora mais um filme do mestre Yosujiro Ozu. ''Pai e Filha'' de 1949 talvez seja um dos filmes mais simplista, melancólico e ao mesmo tempo mais vívido da filmografia de Ozu. O filme possui aquele ritmo que já conhecemos, mas quando chega em seu ponto auge, nosso coração transborda compaixão. Isso porque conseguimos entender os dois lados.
A história é assim. Noriko é uma jovem que dedica sua vida a cuidar de seu pai, o viúvo Somiya. Mas Somiya e sua irmã fazem Noriko achar que ele vai se casar novamente, e assim ela aceita conhecer um pretendente a marido. Apesar de gostar de seu pretendente, se ressente por seu pai estar casando novamente, no que é aconselhada por ele a buscar sua própria felicidade.
Sim, como o próprio nome já diz, é uma história sobre pai e filha. Ozu com esse filme, conseguiu ser notado internacionalmente até então. Foi a partir desse também que Ozu abriu caminhos para filmes como Contos de Tóquio, Ervas Flutuantes, e Também fomos Felizes, que passaram a ter a mesma temática de ''valores familiares''. O clima melancólico quebrou tabus na época, até porque, para um país que tem um rigor extremo, a subjetividade foi o suficiente para se destacar dos demais. Mas se pararmos pra pensar, não se trata de um tema isolado, muito pelo contrário. É tão universal quanto ''Era uma vez em Tóquio'' que comentei a cima. É maravilhoso o tom que Ozu usa ao fluir sua história, intercalando momentos alegres com cenas dramáticas, e isso se percebe pelo sorriso de Noriko, que aos poucos vai diminuindo. O amor de um pai por sua filha e vice e versa, é tão intenso que chega a doer na alma só de imaginar num possível abandono. Esse é um filme que mostra a rotina com delicadeza, podendo assim nos transmitir profunda reflexão. Talvez não tanto pelo fato de um dia abandonarmos nossos pais, mas sim por nos vermos obrigados a seguir a diante, abrir mão de quem tanto amamos, pra encontrar a felicidade que nos foi predestinada. Afinal o segredo da rotina está na frase do Somya: ''A real felicidade não é dada, é preciso trabalhar para construí-la.''
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