Isshuukan Friends - ou One Week Friends se assim preferir - teve sua adaptação animística finalizada recentemente, com 12 episódios de muito drama escolar. O mangá é escrito por Matcha Hazuki e publicado na Square Enix Gangan Joker em 2012. Sua primeira aparição foi num one-shot em setembro de 2011 na mesma revista, desde então, tem sido coletado em 05 volumes tankobon e lançado este ano.
A história central é muito simples e não exige muita concentração por parte de quem acompanha, assim sua linguagem é muito acessível e universal. Não há grandes mistérios em torno dos personagens, a não ser em torno da menina Fujimiya Kaori, que ''inexplicavelmente'' tem dificuldades em fazer amizades. É algo que vai além de timidez, e passa pela linha de trauma, devido á acontecimento misterioso no passado. Hase é um colega de classe, que tenta a todo custo fazer amizade com a menina, mesmo levando muitos nãos pra casa. Também existem outros personagens que aos poucos vão se aproximando da história principal, como o amigo do Hase, o inexpressivo Shougo Kiryu, que sempre tem os melhores conselhos.
Fujimiya Kaori é o grande gancho da história, e os outros só se ''agarram'' nela pra se manter ali na trama. Não é como se fosse um bando de personagens desimportantes, mas sim como se fosse uma espécie de escada; sem eles a história não andaria, como também com eles não há peso. São sim necessários, mas não são essenciais, estão ali somente pra cumprir o seu papel e só. Fujimiya é aquela garotinha que não há maldade no coração, porém de início transmite uma forte aparência de arrogante por causa da sua falta de socialização na sala de aula. E o motivo disso, fica por conta de uma condição média, onde toda segunda-feira ela se esquece de todas as pessoas ao seu redor em que conviveu na semana passada - exceto de sua família. E o mais interessante de tudo está justamente nisso, na sutileza e na profundidade em que um coisa tão boba pode ao longo dos episódios se desenvolver. É aquela velha pegada de animes com intenções simples, que todas as grandes séries tem. Gosto da proposta.
Dirigido por Tarou Iwasaki, roteirizado por Shotarô Suga, e musicalizada pela Nobuko Toda, o estúdio Brain's Base apostou num clima leve, em cores neutras, e num ritmo bastante compassado, assim como em D-Frag - outra série do mesmo estúdio - havia um leve atmosfera satírica em cima de certos diálogos, que dava uma certa descontração necessária pra cada determinada cena. Como nas expressões do Hase ao levar os primeiros nãos, o comportamento da Fujimiya ao sair correndo desesperada toda vez que se vê numa situação desconfortável, e até mesmo na fofa da Saki ao esbanjar sua inocência querendo se casar com o Shougo. Claro, não são situações super-hiper-mega engraçadas, mas era divertido ver esses comportamentos em horas inapropriadas.
Brain's base mudou algumas coisas do material de origem, mas os pequenos toques foram tão decisivos que, o resultado final saiu algo próprio, adorável, por mais que alguém tenha visto esperando por uma cópia da fonte original. A música por exemplo, composta pela Nobuko serviu como luvas para a série, fazendo assim o mangá se tornar algo vivo, sem ser necessariamente uma cópia, entretanto, que realmente tivesse cara de adaptação. O anime tinha aquela sensação do mangá, porém como já sabemos, isso aqui não é uma HQ, era preciso haver um ritmo diferente, só que antes de tudo, sem esquecer sua raiz, e foi exatamente assim que Isshuukan Friends se comportou. Mesmo que o diretor Tarou Iwasaki seja um cara relativamente inexperiente, ele resiste a tentar fazer uma história que seja emocionalmente transparente, a tal ponto, que seja o suficiente para não precisar forçar a barra, e os diálogos falavam muito por si.
Aquele momento que você tropeça em cima da pessoa em que você gosta hihi (o famoso sem-querer) |
E a mãe da garota entra no quarto na hora errada LOL |
E quando inutilmente tenta explicar LOL LOL LOL |
Isshuukan Friends é uma mistura de cores emocionais. Não são cores precisamente fortes, chamativas, mas sim uma aquarela linda, que transmite sensações, e são também romantizadas, que casam-se muito bem com todo o contexto. Eu tive a sensação que a tristeza era um sentimento presente na história na maioria das vezes. Alguns tons de determinados cenários ajudava a reforçar ainda mais esse pensamento, como no episódio da praia, em que temos um contraste entre chuva, vento, tarde ensolarada, e noite estrelada - exprimindo ao máximo a cor azul - tudo num único episódio, representando assim os diferentes estados em que a personagem Fujimya se encontrava. Seu interior era uma fusão de todo tipo de clima/cores/temperamento/sentimento, mas no final, tudo acabava no azul, na solidão, na imensidão do nada. Por mais que ela se lembrasse somente de sua família no fim das contas, o resultado no final da semana sempre era o mesmo; sempre estaria num grande lugar espaçoso solitária, pra olhar as estrelas. Achei a cena tão romantizada e ao mesmo tempo tão poética que, aquele simples momento representa não só a mensagem de todo o anime, como também representa o sentimento da maioria dos adolescentes. Temos um lugar espaçoso dentro da gente e consequentemente, procuramos a todo tempo, alguém para preenchê-lo para que possamos ter com quem admirar as estrelas quando a noite chegar. Independente de quantas descobertas você fez durante o dia, ou de quantas pessoas você conheceu ao longo do percurso, nem todo mundo vai querer estar com você no dia em que a tristeza/solidão apertar.
Fujimya era sozinha, não porque gostasse de assim estar, mas porque o destino prescreveu desse modo. E como vocês poderão ver na imagem abaixo, Hase foi o personagem que quis furar o roteiro do destino.
Fujimya era sozinha, não porque gostasse de assim estar, mas porque o destino prescreveu desse modo. E como vocês poderão ver na imagem abaixo, Hase foi o personagem que quis furar o roteiro do destino.
Sobre o final ...
O Ano Novo é um dos feriados mais importante para os japoneses, e quando sentimos ele se aproximando num anime, aquela certeza que um divisor de águas está pra chegar é mais que certo. E de fato foi para o casal principal.
Cada um mentiu sobre como passaria o feriado, para evitar de estar envolvido no planejamento de atividades de seus amigos em comum, e sem querer os dois acabam no seu lugar habitual, junto ao rio, na véspera de Ano Novo, na esperança, de se esbarrarem.
Essa cena poderia soar extremamente sentimentalista, mas o bom de tudo é que Isshuukan Friends abaixa o cheiro de hormônios, e transforma tudo num encontro casual. Naturalmente as coisas fluem, e Yuuki está já em sintonia com o Hase e percebe, que tudo o que ele realmente queria, era estar com ela. Hase só precisava de algum tempo para abafar seus pensamentos e perceber a verdade. Quando ele escuta a voz da Kaori lhe chamando, por incrível que pareça, não surgiu uma mistura de emoções afloradas por parte de ninguém, mas sim uma reação natural de felicidade por reencontrar um ao outro.
Eu gostei demais do final, porque esse foi o tipo de fechamento ideal pra série por vários motivos. Um deles, é que nada ficou em aberta, todos os personagens se conectaram perfeitamente ali na história e nada do que foi dito foi desdito, ou esquecido. Os dois protagonistas finalmente conseguiram superar o seu azar e comer na loja de crepes juntos e também conseguiram visitar um santuário onde costumava rezar na escola primária. Kaori desaba em seus sentimentos reprimidos e deixa seus nervos aflorar pra fora, dizendo o que sente, e o que que quer pra sua vida. Tudo bem que sua declaração final tinha tudo para ser convencional, só que o mais legal de tudo, é que não foi, e o charme fica por conta da sua insinuação clara de que ela realmente queria ir além de uma simples amizade com o Hase.
Como podem perceber, Isshuukan Friends não termina como em um conto de fadas, porque vemos que na outra segunda-feira, Yuuki diz a Kaori novamente ''Eu gostaria que fossemos amigos''. Só que dessa vez ela diz a mesma coisa, e não há dúvida nenhuma contra o seu compromisso declarado anteriormente. Eu amei as cenas finais com o Hase escrevendo em um diário, afirmando que ele não é diferente dela, pois o esquecimento pertence á todas as pessoas. Por fim, a lição final diz que todos nós sofremos do mesmo mal, independentes se somos adolescentes ou não, e ainda; nunca é fácil expor suas fragilidades para o semelhante, ainda mais uma mágoa passada, abrir o coração para um até então desconhecido é muito mais difícil do que parece, mas ao aprender, você fica perto de si mesmo, e muito mais próximo da felicidade.
Nota : 3,0/5,0 - Bom
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