Prometo ser breve.
Kiki's Delivery Service (Majo no Takkyūbin) mais conhecido no Brasil como "O Serviço de Entregas da Kiki", é mais uma obra prima do Hayao Miyazaki, produzido em 1989. O quarto filme do Studio Ghibli ganhou o prêmio "Animage Anime Grand Prix" no mesmo ano de lançamento. Fantasia, comédia, drama e uma pitada de cenas romantizadas, dessa vez Miyazaki pega o que teve de melhor nos seus filmes anteriores e dá vida á novela de Eiko Kadono, que inclusive possui o mesmo nome. Eiko é autora de livros infantis, tanto de literatura como de ilustração, alias, existe uma curiosidade interessante sobre ela; após a formatura, ela imigrou para o Brasil, onde viveu durante dois anos, e escreveu uma história chamado ''Brasil e o seu amigo Luizinho'', onde fala sobre um menino brasileiro que ama dançar samba, baseando-se em sua experiência aqui em nosso país, e esse foi o seu trabalho de estréia. A maioria das suas obras são livros para crianças, mas sua obra mais conhecida foi mesmo com Kiki, onde até ganhou o Prêmio de Literatura para Crianças Noma, e ela continuou com mais quatro continuações.
Eiko Kadono e o seu livro Aqui nascia a história da bruxinha Kiki, onde Miyazaki transformaria num filme animado |
Bom, como vocês puderam perceber, Kiki é uma história infantilizada, mas que de infantil na realidade não tem nada. Aqui não temos uma lição de moral a ser passada, como também nem existe um grande vilão monstro etc e tal. De acordo com o próprio Miyazaki, o filme fala sobre a independência e a confiança entre as jovens adolescentes japonesas. Indo além do tema sobre a idade, seu trabalho lida com a natureza da criatividade e talento, e a dificuldade central que cada pessoa encontra em si mesma ao crescer e se tornar um indivíduo único, seja através da sorte, trabalho árduo ou confiança: o filme explora as mesmas questões que o filme Whisper of the Heart, que alias, já esta na minha lista de futuras resenhas, e por isso, podem me cobrar, hehe.
O filme tem um enredo bem simples. Kiki é uma jovem bruxa em treinamento, que acabou de completar 13 anos. De a cordo com a tradição, todas as bruxas com essa idade devem deixar suas casas, para aprender a viver por conta própria. Kiki, junto com seus gato Jiji, voa para muito longe para procurar uma cidade para se viver e aprimorar seus poderes. Ela encontra a cidade Korico, e lá arruma um emprego a aprende o significado de sua nova vida, ainda mais quando perde o poder de voar.
Não existe um grande conflito no mundo de Kiki, a não ser com ela mesma. O mais legal de tudo é que mesmo sendo praticamente criança, suas preocupações não estão diretamente ligada com a fantasia, mais sim com o mundo real. Não existe um vilão bruxo tentando destruir seus planos, e nem monstros ou criaturas bizarras ou até mesmo pessoas normais a impedindo, muito pelo contrário, no caso aqui até existem pessoas que cruzam o seu caminho, só que no mais, é para ajudá-la. Em momento algum vi alguém fazendo qualquer coisa que seja para prejudicá-la. Aqui vemos uma busca por uma identidade, uma transição da vida infantil, para o amadurecimento. O vilão é a sua própria mente. O seu medo é o medo de ter medo. A mais perfeita representação da sua descrença é quando ela não consegue mais voar. A falta de fé nela mesma a faz fraca, impotente. E é disso que o filme fala: sobre o crescimento individual. Sobre o medo humano, e não o fantasioso.
Como eu disse anteriormente, Miyazaki pega o que teve de melhor nos seus filmes anteriores até então. O clima fantasia + o romance de O Castelo no Céu, e o ambiente descompromissado do Meu Amigo Totoro. Cada uma dessas obras possuem algo distinto, e Miyazaki as mistura de forma extremamente sutil em O Serviço de Entregas da Kiki. Não esquecendo também é claro, do O Castelo de Cagliostro e Nausicaä do Vale do Vento. Existe um pouquinho de semelhança entre Kiki e o filme do Lupin, ainda que minímas, como por exemplo o clima juvenil, contrastando bem com temas mais sérios, uma vez que o amadurecimento precoce das jovens japonesas é um tema tão importante como a politicagem e a corrupção internacional de lá. Já com Nausicaä, a afinidade entre ambas fica um pouco mais evidente, já que ambas as protagonistas são independentes, mesmo que Kiki ainda esteja ''aprendendo a se virar''.
O Serviço de Entregas da Kiki tem um grande clima Disney, não é atoa que esse é o primeiro filme que se firmou uma parceria com o Studio Ghibli. A dublagem em inglês foi feita em 1997 e ele foi oficialmente lançado nos EUA em 1998, no Festival Internacional de Filmes em Seattle.
Prometi ser breve e assim o farei. Mas antes, devo dizer mais algumas palavrinhas. O Serviço de Entregas da Kiki é um filme que merece sim ser lembrado, pois assim como muitos filmes do Miyazaki, não existe nenhum ponto fraco ou uma cena desnecessária. É um filme simples? Sim. É descompromissado? Também. Assim como aconteceu com Totoro, isso não o torna o menos importante.
De toda forma, posso resumir a ideia principal do filme em apenas uma frase. É exatamente como a pintora disse para Kiki; ''Pintura e poderes mágicos tem muito em comum, as vezes também não há inspiração para pintar, o que se tem que fazer é aprender a lidar com esse tipo de fase''.
Curta a Nave Bebop no Facebook e siga também no Twitter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário